Uma mensagem esquecida transforma-se em notícia. Numa parede exterior recuperada no antigo Cerrado do Lagar – o CERRADO do projeto CONVENTO DA TERRA –, um letreiro luminoso em ruínas, recuperado em Lisboa, como que começa a falar. O ato criativo do artista polaco Stefan Kornacki foca-se na inscrição das letras in situ. Num espaço visível do Lugar. Tal gesto-conceito recorda-nos, à escala urbana e à entrada da Vila, que nem todas as palavras são levadas pelo vento.
A instalação da obra é acompanhada por um momento de poesia ao vivo, na voz de Mário Fagulha, poeta e historiador da Vila do Torrão. Perante a chegada destas letras, em Fevereiro passado, o poeta orquestrou ele próprio um primeiro guião para a releitura destas sete letras. Separadas em duas palavras – fisicamente ou na nossa imaginação – estas definem uma paisagem surreal: neva cor no Torrão. Certo é, já nevou, e mais do que uma vez. Branco. No dia de as letras subirem fachada acima, a voz humana presta singelo tributo às cores da poesia – a voz que lê seja música para os ouvidos.