A proposta do Convento da Terra é articular na Vila do Torrão população e paisagem, tradição e restauro, arte e turismo, numa perspetiva pós-crescimento. Convento da Terra é um exercício dual sobre como articular a identidade de um lugar com a gestão e oferecer a uma comunidade um horizonte de desenvolvimento.
Independentemente dos temas e problemáticas pontualmente em foco e dos vários públicos-alvo, um conjunto de metáforas operativas define uma narrativa e uma série de premissas orientam o labor, numa criteriosa monitorização da relação entre lugar e criação.Uma redefinição de valores é colocada em jogo, com base no conceito económico de pós-crescimento. Uma perspectiva holística da resiliência e da sustentabilidade é aplicada, em que são ativados modelos e mecanismos dialógicos, inclusivos e participados: co-criação. Esta postura define um território de ação integrado mas não exclusivo, de referência mas não impositivo, apelativo mas não alienante. Um conceito de comunicação – comunicação cultural – permite que uma comunidade pense e reinvente o seu caráter atual e um devir, considerando o que possa querer manter ou alterar na vida quotidiana e ao nível da experiência do aglomerado urbano.
Uma vila na paisagem transforma-se em palco para vários registos – reflexão, estratégia, ação, celebração… – que tornam o Lugar mais vivo e capaz de se assumir como exemplo de um processo de qualificação da vida social: o modo como os gestos articulam disciplinas do conhecimento estratégica- e intergeracionalmente, assumindo princípios, procura celebrar uma abundância que o Torrão tem condições para revelar.
Com sua história e património, problemas e desafios, Torrão é um ponto no mapa. Num território ciente de seu génio como poucos – o Alentejo – busca seu desígnio glocal na Graça do tempo, ao ritmo do Lugar. A partir de um gesto intuitivo individual – a aquisição de um convento em ruínas – que é expressão de princípios éticos claros – desenhar um amanhã sustentável – uma visão curatorial propõe um programa colaborativo envolvendo a comunidade local. Convento da Terra define assim uma sensibilidade e um circuito de experiências com foco no urbanismo e na economia, na educação e na formação, na transferência de saber e na cidadania artística, na celebração e na contemplação. Aventura e jogo – o brincar ao destino – são dimensões fundamentais para a dignificação da humanidade que aspira a respeitar as leis da natureza. Aqui, na terra.